Em 2016, a Alliance for Integrity lançou um guia de bolso para a integridade profissional, visando combater as 10 desculpas mais comuns para um comportamento corrupto. Entramos na onda e vamos apresentar nossa visão de como evita-las dentro de uma organização:
- “EU NÃO SABIA QUE ERA CORRUPÇÃO.” Um Programa de Integridade robusto está consolidado no enraizamento de uma cultura ética e de respeito às normas (Compliance = conformidade + integridade). Para evitar o discurso do desconhecimento, é fundamental trabalhar nos pilares Comunicação e Treinamento, visando transmitir mensagens periódicas relacionadas às normas de conduta e trazendo exemplos concretos de desvios que podem ocorrer nas áreas mais sensíveis da organização.
- “NÃO FIZ POR MIM. FIZ PELA MINHA EMPRESA.” Todo fraudador passa por um processo de “racionalização” do seu desvio de conduta, no qual tenta justificar seu comportamento, muitas vezes atribuindo à organização a responsabilidade por seus atos. As normas de conduta de uma organização e, principalmente, as atitudes da alta direção e da média gerência são termômetros de sua cultura. Deve ficar claro para todos os colaboradores e stakeholders que a empresa não tolera nenhum tipo de fraude ou conduta ilícita. Para evitar que o colaborador responsabilize a empresa por seus atos, as normas de conduta e o “tom do topo” não devem permitir interpretações divergentes.
- “NINGUÉM PERDE. NA VERDADE TODOS SAEM GANHANDO.” É fundamental que todos entendam as consequências dos desvios de conduta e fraudes, seja do ponto de vista pessoal, organizacional ou institucional. Pessoas que se comportam de maneira antiética ou ilícita poderão perder seus empregos, ou mesmo enfrentar consequências de ordem administrativa, civil e até criminal. Para a organização, pode significar sua derrocada à médio e longo prazo. E para o ambiente de negócios, pode reduzir a atratividade para investidores e interferir no crescimento da economia. Para evitar a desculpa de que ninguém perde com a corrupção, é necessário que a organização e seus colaboradores entendam qual o seu papel na formação de uma sociedade mais íntegra.
- “É ASSIM QUE SE FAZEM NEGÓCIOS POR AQUI.” Pressões internas e externas podem levar o indivíduo a acreditar que deve aceitar as coisas como elas são. Empoderar as pessoas para que questionem processos e comportamentos já enraizados no dia a dia da organização é fundamental. Para evitar o discurso da resignação, as empresas devem trabalhar o Compliance como ferramenta de gestão e revisão de processos e da própria cultura organizacional, retificando potenciais gaps que podem levar à desvios de conduta.
- “SE A GENTE NÃO FIZER, ALGUÉM FARÁ.” O medo de perder negócios para empresas ou indivíduos que cometem fraudes ou desvios de conduta para celebrar acordos e parcerias pode levar a comportamentos antiéticos ou ilícitos. Para evitar essa situação, a empresa deve trabalhar de forma colaborativa com seus parceiros de negócio, concorrentes e partes interessadas no sentido de disseminar uma cultura de integridade, fomentando discussões entre entes do mesmo ramo de atuação e incentivando associações de classe a debater a estruturação de um ambiente institucional mais ético.
- “PRECISAMOS DE PARCEIROS PARA AGILIZAR AS COISAS.” Indivíduos podem acreditar que ações particulares não são capazes de influenciar mudanças de comportamentos. Para evitar essa desculpa, a organização pode nomear pessoas-chave dentro de sua estrutura para atuarem como embaixadores do seu Programa de Integridade, fazendo com que estes assumam o compromisso de disseminar a cultura ética dentro e fora do seu ambiente. Engajar grupos de pessoas ou mesmo de empresas para revisitar as práticas organizacionais e institucionais aumentam o impacto e a credibilidade das ações individuais.
- “NINGUÉM CONSEGUE FAZER A DIFERENÇA SOZINHO.” O desconhecimento do ambiente institucional, legal e/ou regulatório pode fazer com que organizações ou indivíduos busquem parceiros para “facilitar” processos operacionais, nem sempre observando preceitos éticos ou atuando em conformidade às normas. Para evitar que isso aconteça, os parceiros devem conhecer e agir de acordo com os padrões de conduta e valores da organização e/ou do indivíduo. O processo de seleção deve adotar meios para que a tomada de decisões seja acertada, principalmente em razão das consequências que um desvio de conduta ou uma não-conformidade de um terceiro podem acarretar.
- “UM PROGRAMA DE INTEGRIDADE É MUITO CARO.” “Se você pensa que o Compliance é caro, experimente o não-compliance”. A incensada frase do ex-Procurador Geral de Justiça norte-americano não poderia ser mais atual e verdadeira. Compliance representa investimentos em controles internos e na gestão e monitoramento da organização. De outra sorte, os custos de não-compliance são perdas operacionais, custos reputacionais, disrupções no negócio, multas e sanções. Deve-se entender que os recursos humanos necessários para o sucesso de um Programa de Integridade já estão dentro da própria organização.
- “DE TODO MODO SÓ SE VAI ATRÁS DAS GRANDES EMPRESAS.” Os recentes escândalos de corrupção deram a falsa impressão de que somente grandes corporações, envolvidas em contratos bilionários, sofrem as consequências de seus desvios de conduta. Ocorre que não há nenhuma espécie de anistia para pequenas empresas que eventualmente estejam envolvidas em esquemas fraudulentos ou de corrupção. Em verdade, o que se vê nas ações recentes das autoridades é o aumento da fiscalização e punição a empresas de médio e pequeno porte. Por essa razão, as organizações devem implementar ou sofisticar seus Programas de Integridade, adotando mecanismos efetivos tais como canais de denúncia, para tomar conhecimento de potencias desvios de conduta
consumados por colaboradores e/ou parceiros e, assim, evitar sanções de ordem civil, administrativa e criminal. - “EU NÃO SEI COMO REAGIR À CORRUPÇÃO.” Para evitar essa desculpa, é fundamental manter um diálogo contínuo e preparar os colaboradores e parceiros para potenciais situações que podem acarretar em desvios de conduta. É melhor ser proativo, agir ao invés de reagir. Programas de Integridade devem ser implementados para evitar que desvios de conduta ocorram dentro da organização, criando um ambiente ético e livre da corrupção e das fraudes, e não para servir de resposta a exigências legais ou de parceiros de negócios. Demora anos para uma empresa construir uma reputação positiva e minutos para que ela se dissolva.
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O material original, “No Excuses”, pode ser baixado no link a seguir: https://www.allianceforintegrity.org/wAssets/docs/publications/No-eXcuses/BR_No-eXcuses-Pocket-Guide.pdf
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